Neste mês de novembro, em que é realizada a campanha de conscientização, prevenção e combate ao Câncer de Próstata, “Novembro Azul”, o médico urologista, Dr. Carlos Fabrício, da Clínica Baronesa concedeu uma entrevista exclusiva para o Noticiando, explicando a importância da prevenção, detalhando sintomas e as formas de tratamento da doença, desmentindo mitos e reforçando as verdades.

Para começar a essa matéria especial, o médico que possui mais de 24 anos de clínica e atua também como urologista no Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, Vila da Serra, em Nova Lima, atende em seu consultório próprio na capital mineira e também pela Unimed, começou explicando o que é a doença e como ela pode matar.

De acordo com o Dr. Fabrício, o câncer de próstata é o segundo que mais mata no país e, somente entre 2023 e 2025, o Brasil deve ter 70 mil novos casos da doença, por ano. Em relação a taxa mortalidade, o câncer perde apenas para o de pulmão, que possui uma característica bem mais agressiva.

E o seu grande problema é a ação silenciosa, que se não houver o diagnóstico precoce, pode sim levar a morte. Já que, este tipo da doença mata sob o efeito de metástases no corpo e só desperta sintomas, quando atinge outros órgãos, como por exemplo, quando ele irradia para os ossos.

A falta de sintomas se dá, devido ao câncer de próstata se originar no interior do órgão reprodutor, responsável pela produção dos espermatozoides. Por isso, segundo o médico os primeiros sintomas estão longe da próstata, e só aparecem quando ele sai dela irradiando para outras partes do corpo.

Quando não desperta sintomas devido a obstrução da passagem da urina e levando o homem a uma insuficiência renal, na maior parte das vezes, a doença irradia para os ossos levando a problemas mais sérios, como por exemplo, a destruição de vertebras, compressão da medula óssea e fraturas internas.

As vezes, o primeiro sintoma, em idosos, por exemplo, pode ser exatamente a fratura. Uma vez que o idoso chega no hospital se queixando de dor após uma queda, e o médico descobre que a queda sofrida por ele, se trata de uma fratura já existente, provocada pela metastase e não pela própria queda em si.

| Importância da prevenção de forma precoce:

Segundo o urologista, o grande problema do câncer de próstata, quando diagnosticado sem ser de forma precoce é que quando identificado, o mesmo já tomou conta de diversos órgãos do homem, sendo difícil o seu tratamento, que as vezes acaba tendo que ser ainda mais agressivo ou até paliativo, a depender dos casos.

Por isso, já a partir dos 50 anos sem fator de risco e 45, quando a pessoa já tem um fator, como o histórico familiar ou comorbidades e problemas de saúde, é importante iniciar a realização dos exames de toque e PSA para identificar a doença e o seu grau, se houver.

Já que apesar de ter um crescimento lento, este tipo de câncer é silencioso, como dito acima na reportagem, e pode evoluir por até dez anos, antes de apresentar algum sintoma.

| Exames:

Questionado sobre qual o exame mais eficiênte e recomendado, o médico destacou que somente o urologista poderá definir a melhor forma, de acordo com cada caso. Já que, muitas pessoas fazem só o PSA (exame de sangue), contudo, existem casos em que o nível de PSA ainda está baixo. E esse é o pior, o mais agressivo, por isso, sempre o recomendado será ambos os exames, em conjunto, ou seja.

Tanto o PSA (exame de sangue), quanto o exame de toque. “É igual um pneu e a roda, qual o mais importante? Só funciona em conjunto”, explicou.

| Preconceito:

Para o Dr. Fabrício essa barreira já está sendo vencida, já quem, segundo ele, antigamente havia-se muito mais preconceito, justamente devido a falta da difusão das informações, que hoje acontece com muito mais facilidade, através do Noticiando, por exemplo.

O exame do toque, tão comentado, dura apenas dez segundos, não provoca desconforto, não diminui a masculinidade do homem e é realizado por um especialista, por exemplo. Não é necessário ficar de quatro, nem fazer qualquer tipo de esforço, uma vez que, deitado o paciente já pode ser examinado.

E o que leva esse exame a ser ainda mais importante é que ele evita exames desnecessários, igual a biópsia, por exemplo, que tem seus riscos como infecções e hemorragia.

| Tratamento:

Após diagnosticado, o câncer de próstata é tratado de forma individualizada, se observando caso a caso, principalmente devido o estágio de cada um e a condição de cada paciente. Um paciente idoso, por exemplo, não terá a recomendação de uma cirurgia, devido aos riscos, por isso, deve fazer uma radioterapia, já um jovem, certamente terá a recomendação da cirurgia que é a forma mais eficaz de se tratar a doença, pois retira toda a glândula, assim deixa uma margem de segurança removendo também estruturas anexas, acabando com a doença.

| Efeitos colaterais dos tratamentos:

Geralmente, os efeitos, segundo o doutor, giram em torno do impacto na vida sexual masculina, uma vez, que em uma cirurgia podem ser atingidos os nervos que provocam a ereção. O objetivo é curar o câncer, então, muitas vezes os tratamentos podem provocar disfunção erétil.

Em 60% dos casos de cirurgia, ocorrem efeitos colaterais. Mas vale destacar que não são totais, podem ter variações e o benefício, sem sombra de dúvidas é muito melhor. Afinal, o paciente está ganhando uma nova chance de vida.

Já outros efeitos como continência urinária, também podem ocorrer, durante o processo de cicatrização, mas ocorre apenas em 20% dos casos. Levando esses pacientes a terem que, as vezes, usar fraldas para contenção da urina.

| Tipos de cirurgia:

Em Belo Horizonte, atualmente temos a possibilidade de dois tipos, seja a cirurgia aberta, que expõe o paciente a mais riscos, ou seja a cirurgia por vídeo. Ambas já são ofertadas na capital mineira.

De acordo com o urologista, atualmente em sua equipe, ele mesmo possui médicos que fazem as cirurgias robóticas, através de equipamentos de última geração. Em BH, por exemplo, existem quatro desses rôbos.

| Medo:

“Você não tem que ter medo do médico e do exame, porque não são eles que te tiram da sua família, dos seus amigos e da sua vida. Quem te tira e faz sofrer é a doença, por isso, se está com medo de vir ao médico e fazer o exame, está tendo medo da coisa errada.”, afirmou o doutor.

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